terça-feira, 26 de outubro de 2010

tRaDiÇãO



Talvez seja a coerção, ou o medo, ou o vir-a-ser um ridículo é que leva a maioria das pessoas a seguirem certas tradições.
A tradição é algo imposto, isso é óbvio. Mas quem tanto será que reflete sobre ela?
Desde crianças aprendemos que devemos seguir tradições. Nossas vidas é uma grande tradição.

E O DITADOR DO MUNDO DISSE: - Você tem que nascer, se vier com o órgão masculino então você deve ser macho, se vier com o órgão feminino mulher será. Depois você entra para a escola, porque tem que APRENDER pra poder ser "alguém na vida". Deve estudar e estudar porque terá um futuro brilhante. Depois que acabar a escola se mate para conseguir entrar no curso de medicina, direito, engenharia ou algo que dê muito dinheiro, porque nesse mundo, my son, quem não tem dinheiro se fode! Ok, depois disso tudo você DEVE ENCONTRAR ALGUÉM E SE CASAR, porque só quem é casado é que pode construir uma família e FINALMENTE ser feliz.....

onde? na velhice? Ha-ha-ha!

Quem nunca quebrou uma tradição tem o dever de ser feliz? E quem quebra tradições, pode ser feliz?

Dividirei aqui uma historinha com meus poucos, porém únicos, raros e caros leitores.
Quando eu tinha mais ou menos uns 4 ou 5 anos de idade, eu estudava numa escolinha infantil, claro, em frente a loja dos meus pais. Como qualquer criança, no meu caso ja muito sistemática, eu tinha manias. Uma das maninas mais famosas, considerada um vício, é chupar chupeta (aquela maldita borracha que zuou todos meus dentes a posteriori). Logo, um belo dia perto do natal minha chupeta resolveu simplesmente desaparecer. E eu fiquei sem sustentar meu vício naquela tarde. Para mim foi uma perda irreparável! Sem poder me expressar e ja com abstinência de chupeta, resolvi transcender. Algumas crianças tem dificuldades com transcendência e eu fui uma delas. Simplesmente ao inves de somente gritar, eu "dimuli" a escolinha. Destrui a árvore de natal, joguei as cadeiras para fora da sala e me lembro muito bem de uma guria que me ajudou, porém somente eu fiquei com a culpa toda. Enfim, fui expulsa da escola e até hoje NINGUÉM me perguntou o motivo de eu ter explodido e quebrado uma certa tradição que impõe às crianças da não-transcendência "fica quieta menina chata, eu tô ocupado!"

Escrevendo isso tive uma epifania. Será que foi nesse episódio em que decidi fazer filosofia e quebrar a tradição da falsa felicidade? UOWWW :D

Enfim... por hora é isso. Movimento diga não à tradição e busque sempre transcender!

Na foto pra que não sabe é do filme Sociedade dos Poetas Mortos. Um dos maiores exemplos de quebra de tradição e represão depois desta.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Esquece a Filosofia agora!



"Esquece a filosofia agora, vamos falar de realidade"

Pasmem, mas foi isso o que eu ouvi ontem de um professor durante a aula óbviamente do curso de filosofia.

Aaaaaaiiiiiii alguém me explica como que faz pra esquecer a filosofia! É o mesmo que dizer "para de pensar nesse momento" ou então "não pense em nada"...

Então tá, vamos lá. Vamos parar de pensar, de criticar, de criar, de refletir, de sonhar... vamos todos, comigo, vai vai vai... vamos concordar com os conceitos, vamos nos tornar exatos, quadrados, metódicos, cartesianos, sistemáticos etc etc etc vaquinhas de presépio, gados etc etc etc >.<

COMO QUE UM PROFESSOR TEM CORAGEM DE DIZER ISSO À UM ALUNO? COOOOOOOOOMO?
Agora, como que UM PROFESSOR se atreve dizer isso à um aluno de FILOSOFIA????

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Inclusão?



Tá... inclusão. WHATAHELL?

É, eu tô revoltada mesmo! Ontem teve prova de LIBRAS. Pra quem não sabe libras é a língua brasileira de sinais. Agora os cursos de licenciatura são obrigados a ter a matéria libras por causa da tal da inclusão social e blá blá blá.

Tá, agora eu me pergunto, será que os surdos curtem essa tal de inclusão? Será que não seria mais proveitoso para eles estarem em uma escola onde necessariamente aprendessem os conteúdos somente em libras?
O próprio professor de libras do nosso curso disse é contra essa "inclusão" (ô palavrinha chatinha de se trabalhar, não?). Ele disse que ja tem muitas pesquisas que comprovam que os surdos se desenvolvem mais em escolas especializadas... mas NÃÃÃOOO... no Brasil é tudo feito de ponta cabeça mesmo. AAARRRGGHHH!!! >.<

Ok, então preparem-se futuros professores, agora na grade de licenciatura entrará: aulas de árabe, caso haja algum aluno muçulmano; aulas de meditação, caso você tenha que ter paciência com um aluno autista; aulas de braille, para direcionar seu aluno cego; mandarim, para poder corrigir as provas dos orientais; ainda incluirá aulas de mímica para poder se comunicar com alunos surdos, mudos, alejados... e por aí vai...

Podem me julgar e me chamarem de preconceituosa, anti-inclusão ou algo assim, mas o que as pessoas não entendem é que estão jogando todas as responsabilidades nas mãos dos professores... eles que se virem!
A escola ja deixou o seu papel a muuuuito tempo... agora a nova moda é fazer campanha... campanha da inclusão, dos direitos RACIAIS, campanha do piolho e por aí vai...

Não gostou? Pega eu :P

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Gagagagaga...



Hoje acordei meio sapo boi azul, as vezes.
Um cavalo-marinho me recebeu de braços abertos e me serviu o café-da-manhã.
Pensei que ele quisesse me envenenar.
Comi e satisfeita fui até à casa de abacaxi. Tão áspera me deu náusea.
Será mesmo que era veneno?
Um fungo se manifestou na raíz de uma árvore debaixo d'água. Ele queria me devorar.
Mas poxa, ele era verde e eu meio azul. Será que combina?
De repente dois camarões travaram uma batalha. "E agora?", me perguntei, poxa vida! Ficamos todos vermelhos depois, droga!
Eu gostava de ser azul, mas vermelho me caiu muito bem.
Revoltada com a luta e agora de vermelho, me deu uma vontade súbita de derrubar a casa de abacaxi que me deu náusea.
O que costuma me dar náuseas eu costumo matar.
Mas seria mesmo o abacaxi ou o cavalo-marinho?
Ja sei, vou matar os dois, ja estou vermelha mesmo, nem vai fazer diferença!

*Isso (acima) ou a água ferve a 100 graus celcius?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Cotidiano

3 kiwii, 4 ameixa, 2 xuxu, 5 batatas... nossa que calor!

- Ei moça, não tem ar condicionado aqui pra vocês?

*O patrão não liga pra gente não.

- Poxa, mas um lugar desses tão moderno, tão eficiente, tão caro, tão tão tão...

(um ventilador bastaria)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O exercício da Paciência

E aí vamos viajar? Há tempos que estamos combinando... agora tem que ser, ja estão todos nos esperando.
- Vamos sim, mas podemos comer antes?
Claro.
(algumas horas depois)
-bléééggghhhh [onomatopéia de vomitos]... droga, perdi cincão!
Roooooonc [onomatopéia de ronco]
(4:45 da manhã)
Chegamos, vamos andando que ainda há muitas horas.
- Mas eu preciso de uma farmácia.
Não esquenta, a gente acha uma por aí.
PACIÊNCIA Nº 01

(algumas longas horas depois)
Esse daqui é meu amigo fulano, esse daqui o siclano, aquele ali o zézinho... blá blá blá.
-Oi, prazer.
E aí pra onde vamos?
*beber, oras... hoje quero beber até cair no chão.
Mas ah, queria fazer algo de boa. Vamos sair pra conversar.
*Conversar? Se quer conversar comigo entra no msn ou me manda um e-mail.
PACIÊNCIA Nº 02

humkvju!@%#¨&**¨@$ [onomatopéia de barulhos aleatórios que se ouve em uma rua movimentada em um dia considerado não-útil]
Mas aqui não dá pra conversar!
*Mas dá pra beber... espera aí que vou chavecar uma menina.
Perae ow, eu vim aqui pra gente se reunir e trocar ideia.
*Mas eu saí pra encher a cara, travar e pegar menininhas.
PACIÊNCIA Nº 03

(algumas horas depois em um lugar aberto e movimentado)
*tuuuuuuuummmmmmmmmmmmm
Ihhhhh aquele ali não aguenta mais beber.
O outro ali também não e eu ja não estou me aguentando em pé.

- Eu devia ter ficado em casa, mas o que seria do meu exercício da pacência se eu não tivesse me confrontado com cenas que me incomodam e que não fazem parte do meu cotidiano? Bem que o meu pai dizia que a paciência além de uma virtude é uma aprovação sua pra você mesmo. E de tanto ouvir isso percebi que é uma virtude que me persegue... e espero não perseguir pra sempre, porque além de exercê-la sempre, procuro fugir dela!

... eu só queria reciprocidade de considerações, é pedir muito?

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

E FICA COMO ESTÁ

As eleições para a reitoria da Universidade Estadual do Norte do Paraná já foram definidas, agora as disputas por diretoria de campi e centros de estudos são as próximas etapas. Segue-se que a proporção atual dos pesos dos votos é de 70% para os docentes e de 15% tanto no caso dos funcionários de carreira como acadêmicos. Discentes dos campi de Bandeirantes e Jacarezinho vieram à reitoria manifestar seu descontentamento com o quadro atual.



Foram de início barrados, mas guardando as faixas e cartazes de protesto e sendo contados em fila indiana os estudantes foram finalmente autorizados a entrar na reitoria da UENP. É bastante curioso utilizar o verbo “autorizar” quando me refiro à entrada em um prédio público, mas foi esse o termo escolhido pelos seguranças do local.



Já era de conhecimento amplo que estudantes estariam na reitoria durante a reunião do CUP (conselho universitário provisório) esta semana reivindicando o voto paritário para as eleições de campi e centros de estudos da UENP. Também não era desconhecido que as chances de que o voto paritário fosse implantado na UENP entre os processos eleitorais seria ínfima.



Para os alunos a real surpresa desse encontro entre estudantes e CUP foi o despreparo por parte daqueles que tão preocupados em defender suas teses e acalmar os ânimos dos discentes apresentaram grande ineficiência argumentativa.



Acredito que o uso inconseqüente e constante de falácias durante a plenária do CUP muito contribuiu para inflamar ânimos e desencadear reações mais explosivas. Os ilustres conselheiros ao se verem desconfortáveis com a presença de cerca de trinta alunos adotaram uma postura defensiva pouco eficiente. Algumas pérolas da discussão possibilitam uma análise lógica.



“As melhores universidades não têm voto paritário.” Foi um dos pontos altos da fala do atual vice-reitor Luiz Carlos Bruschi. Apelo à maioria ad populum foi o argumento que sustentou a defesa de Bruschi pelo sistema atual de cálculo de votos na nossa universidade.



O modelo empresarial das universidades que contratam executivos MBA para suas gestões é o modelo que queremos seguir? Um modelo importado de administração é o que precisamos? Penso que a discussão não é essa. Logo, apelando às maiorias temos a primeira falácia do rol.



“Nosso processo de credenciamento já passou por ameaças políticas externas.” Bruschi fez assim um apelo sentimental ad misericordiam ao tentar causar receio de que nossa universidade não seja recredenciada caso ocorram alterações no regimento eleitoral. Tentar implantar receios infundados quanto à continuidade de nossa universidade demonstra a falta de melhores argumentos do nosso estimado vice-reitor.



Conquistando logo de inicio olhares inconformados dos alunos presentes o professor do colegiado de Matemática de Jacarezinho conhecido pela alcunha de Kiko sustentou que o voto do aluno deve ter menor peso que o dos professores, pois “O aluno passa por um momento muito afoito próprio da idade”. O caro docente em sua argumentação não levou em conta que a partir dos 16 anos de idade qualquer jovem pode votar para presidente da república. Teria o professor algum problema com o corpo discente da UENP em específico? Falácia de ataque pessoal ad hominem computada contra o matemático.



A legislação seguia sendo discutida quando o professor Marcelo Alves do campus de Bandeirantes foi o provedor de uma das mais raras jóias do encontro. Categoricamente ele bradou “Eu como veterinário tenho conhecimento técnico sobre vacas, e sobre leis apenas os juristas devem opinar.” Com esse espírito talvez (tomara que) humorista o médico veterinário nos ofereceu uma conclusão irrelevante do tipo ignoratio elenchi.



O conselheiro do CUP e acadêmico Carlos Sato Netto teve sua vez na plenária quando defendeu que a importância do voto paritário não é a de equivaler a opinião daqueles que freqüentam a universidade por quatro anos contra aqueles que dedicam sua vida a ela. O objetivo dos votos com o mesmo peso entre professores, funcionários e alunos seria o de equivaler três classes que constituirão toda a existência da UENP.



Em resposta o nosso conhecido matemático desfere uma saraivada de cálculos contra Sato Netto em defesa da maioria percentual dos docentes. E encerra a artilharia concluindo “Como você não é da área de exatas você não deve ter entendido”. Esse final com ares orgulhosos redeu ao representante das ciências exatas a láurea de campeão do ataque pessoal.



A esse ponto da plenária já era possível de se ver alunos levantados e em ponto de começar uma manifestação menos discreta do que erguer os braços em oposição às propostas das quais discordavam, como estavam fazendo até então.



Ainda em justificativas defensivas Bruschi faz uma curiosa comparação “É justo ter uma orquestra sinfônica, mas ainda não temos dinheiro para contratar os músicos”. Creio que a impossibilidade de ouvir musica clássica ao vivo na universidade e a participação nas escolhas estratégicas dela tem diferentes importâncias para os alunos. O momento é de discutir legislação dessa autarquia que é a universidade e não de definir investimentos em atividades culturais. Por falsa relação de eventos falácia cum hoc ergo propter hoc adicionada à conta do vice-reitor.



Ao final da aula de falácias e depois de muitas preliminares o datashow exibiu as letras da discórdia e quando a votação consagrou a proporção atual dos pesos dos votos das três categorias dois alunos se exaltaram, acusaram membros do conselho de fascistas e foram retirados do recinto.



O atualmente reitor e bispo de Jacarezinho Dom Fernando pronunciou em tom solene que “Nesse processo tivemos que aceitar várias coisas que não concordávamos”. Infelizmente (ou não) a serenidade e passividade cristã não se propagaram pelo ambiente já incendiado pelos humores.



A muitas vezes ouvida frase “E fica como está.” dita por Bruschi que conduzia os trabalhos ressoou como o engessamento das posturas defendidas pela maioria dos conselheiros.



Na saída da sessão os alunos remanescentes, pois muitos deixaram a plenária no decorrer das ultimas votações, aplaudiram a “democracia”.



Fora do prédio um discente e o matemático quase chegaram às “vias de fato” em razão de ofensa por parte do primeiro.



Esses ocorridos que tomaram a manhã de terça-feira tornaram mais nítidos alguns quadros. A movimentação estudantil da UENP tem marcado presença, tem sido um peso na balança mesmo que esta não tenha se reclinado ainda.



As manifestações devem ser melhor organizadas, é preciso que os alunos falem a mesma língua em momentos de enfrentamento para que a causa estudantil seja propagada legitimamente como é. Ânimos mal conduzidos são desfavores à causa.



Do outro lado, docentes e dirigentes da UENP têm agora que levar em consideração que existem outras forças nesse jogo político, forças legítimas e em crescimento. Ataques pessoais figurando o manifestante como mero agitador são os maiores trunfos que podem ser dados às oposições. Em um debate democrático apelos e incongruências argumentativas devem ser evitados, quaisquer ambientes de debate sérios merecem mais que isso.



Ao final do debate o único aforismo do qual não posso discordar foi também oferecido por Luiz Carlos Bruschi. Quando argumentou sobre a razão de um mesmo candidato não poder pleitear posto de diretor de campus e de centro de estudos ele afirmou:



“Não dá para correr, assoviar e chupar cana.”



Uma metáfora muito bem utilizada, mas pelo conhecimento de Fisiologia talvez devêssemos consultar o professor médico veterinário sobre o assunto. Sobre isso ele pode opinar.



Com péssimos argumentos utilizados e algumas ofensas lançadas, os docentes saindo da reunião pela porta dos fundos e os acadêmicos pela porta da frente.



Fica a sensação de que mais está por vir.





Bruno Iauch – Centro Acadêmico de Filosofia - UENP