terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Se expressar "bonito"



Oi.
Pra variar eu tô revoltada.
Por que nós, acadêmicos, temos que escrever ou falar bonito?
O academicismo é uma merda. (vide wikpédia...rs)

Não podemos achar, temos que dizer "eu penso".
Não podemos coloquiar, temos que ser na norma culta atual da língua portuguesa.
Não podemos colocar nossas ideias em um papel sem que seja embasado em algum autor >.<
Você pensa, se expressa e quando vai ver algum candango ja fez tudo isso... de forma diferente, eu sei, mas fez. Isso me frustra MUITO!

Semana passada eu estava conversando com dois amigos que me inspiraram no assunto que quero tratar nesse post.
Ele faz biblioteconomia e ela é formada em administração e está cursando pedagogia.
Ambos com a mesma opinioão.
Ele diz que se sente muito mal na faculdade, pois ele pensa, lê, entende de uma forma e se expressa da sua maneira. Contudo, ele se sente "burro" comparado aos amigos de sala, pois eles se expressam de forma, digamos, "científica" e ele não... ele simplesmente é... e isso pra academia tá errado, você tem que ser um cientísta, alguém que lê muito e "fala bonito". E ela, que fez seu trabalho de conclusão de curso a pouco tempo diz que não serviu de nada falar e falar "bonito", pois não usa isso no dia a dia.

Eu, como futura professora de filosofia (só mais um ano, uooow!), me pergunto o motivo pelo qual somos forçados pela academia a "se expressar bonito" sendo que nossos alunos não vão entender na hora em que eu disser "porque a hermenêutica do mundo hiperurâneo é uma dialética de blá blá blá"...
Vivemos numa sociedade que não é intelectualizada e, pra mim, temos que falar a língua dela e não nos restringirmos a uma linguagem rebuscada em que os demais, a não ser os acadêmicos, não vão entender.

Eu me sinto analfabeta lendo Foucault

Eu tô cansada de toda essa merda que se fala na academia... de todo esse blá blá bla "bonito" e sem sentido... eu quero entender e não precisar andar com um dicionário na mão.

ACREDITO QUE ERRADO É AQUELE QUE FALA CORRETO E NÃO VIVE O QUE DIZ



ZALUZEJO, pra quem não conhece é uma música do O Teatro Mágico que fala dessa linguagem não-intelectualizada da sociedade (não da sociedade acadêmica)


Aqui, pra quem ainda não viu, O BONDE DAS CABEÇUDAS. Uma forma divertida de aprender e não precisar ficar "falando bonito".

20 comentários:

Wesley Diogenes disse...

Poxaa que postagem interessante eu gostei bastante...

Ano passado apresentei um projeto de pesquisa falando exatamente sobre isso, as dificuldades de ensinar história no ensino médio, e a linguaguem rebuscada e teórica demais é uma das principais dificuldades...

Mas confesso que gosto muito da norma culta em conversas.

Lika FRÔ disse...

Hahaha não julgo ninguém que gosta de conversar na norma culta ou "falar bonito", o problema que eu vejo é exatamente esse: somos forçados a ter um vocabulário rebuscado que não passará da sociedade acadêmica... mas, e os demais?

Obrigada por comentar, amigo de tão tão distante :)

Nancy disse...

Olha a pampa pobre que herdei de meu pai, que máximo!rs adorei seu blog também, não olhei tudo ainda mas pode ter certeza que o visitarei sempre. O que posso dizer sobre esta postagem é que a sociedade nos impõem algumas regras pra podermos nos juntar a ela, temos a escolha de querer ou não. Rs.Talvez você se sobressaia muito mais como professora se comunicando com seus alunos numa linguagem menos formal mas com mais entusiasmo...enfim.Obrigada pela tua visita e espero que ela seja constante ok? bjo

Lika FRÔ disse...

Opa! Espero que quem for me contratar com professora saiba valorizar essas minhas ideias, eu acredito que uma linguagem aproximadora é sempre bom :D obrigada por me retornar, moça dos olhos bonitos. Adoro blogs e pode ter certeza que visitarei sempre o seu ^_^

Anônimo disse...

Pra mim, você é apenas uma pessoa com preguiça de estudar e de ler. Quer entender as coisas sem esforço.
Se você quer escrever para pessoas com intelecto inferior, então escreva e pronto. Mas querer exigir que todos escrevam para pessoas inferiores, é exagero. Querer que a academia utilize livrinhos de bolso é demais. Se não quer ler grandes teóricos, então faz o que na academia? Se quer ser uma pessoa normal e simples, largue tudo, seja vendedora das casas bahia e converse sobre BBB.

Lika FRÔ disse...

"Mas querer exigir que todos escrevam para pessoas inferiores, é exagero." Exigir? Quem disse isso? Leia o texto de novo e reveja meu ponto de vista, caro leitor que não quis se identificar. Não estou exigindo, apenas sintetizei um ponto de vista. Não disse que não quero estudar os teóricos, onde leu isso? Apenas critico o método, isso é pecado? Se não gosta dos textos que escrevo é simples, não leia e zás. ps: de onde tirou essas "pessoas inferiores"? Se você for tão superior assim, então CARÁLEO, EU QUERO TE CONHECER, Chuck Norris :D

Bruno Nunes disse...

Concordo contigo em partes. Não acho errado ser culto, ter método. É até saudável para o conhecimento científico. Se ficarmos apenas em achismos, a falta de rigor poderia nos levar a lugares bizarros. No entanto, eu acredito que a academia exige isso apenas como formalidade, o conhecimento não é mais produzido com função pragmática ou contemplativa ou funcional. É apenas mais uma exigência acadêmica que vai parar em caixas de papelão nos fundos da biblioteca: TCC.

Lika FRÔ disse...

Tá vendo Chuck Norris, aprenda a ser coerente assim como o colega aí de cima. Obrigada pelo comentário, Bruno e por expressar seu ponto de vista de forma consisa.

Unknown disse...

Falando em "superioridade", sempre achei dignas de louvor as pessoas com capacidade de pensar por si, aquelas que não engolem qualquer coisa que esteja escrito na revista Capricho ou na Galileu, Superinteressante, ou em livros, tanto nas sinopses de bolso quanto nos calhamaços de renomados autores... Afinal, tá na cara que inteligência não se confunde com quantidade de informações adquiridas.
Mas de vez em quando vejo quem se esconda atrás do número de páginas que leu. "Na minha singela opinião", a única "superioridade" que isso pode demonstrar é um eventual foco a mais que essa pessoa pode ter.
A VERDADEIRA inteligência é insubstituível; não tem leitura que a supere.
Mas pior do que se esconder numa PRETENSA "superioridade" é ter amparo no anonimato... Falta CULHÃO num ser que não assume seu ponto de vista.
Parabéns pelo blog, Lika! Adoro seus textos e suas opiniões! Assim que tiver oportunidade vou participar de um dos debates que você propõe.
Faço questão de me identificar: Renan Rossini Silva de Castro Miguel.

Lika FRÔ disse...

"Mas pior do que se esconder numa PRETENSA 'superioridade' é ter amparo no anonimato..." PINGA FOGO! Hahaha... obrigada por, finalmente, opinar no meu blog :D Seja bem vindo aos debates. Bjs da Lika ^_^

Unknown disse...

Grande post Frôzita.
Concordo com você em tudo que escreveu, nós somos forçados a fazer tudo seguindo as normas acadêmicas, mas discordo da entidade superior anônima, não somos obrigados a engoli-las muito menos nos acomodar, os acomodados me incomodam. Então pelo que eu entendi, vendedores das Casas Bahia são inferiores pelo fato de não estarem inseridos na academia, não discutir o método, não pensar sobre o medo ocidental do espírito revolucionário árabe? Gostaria muito de saber qual camada da sociedade o ser anônimo vive, seria mais um daqueles twiteiros que questionavam o direito de voto aos nordestinos lançando a campanha "afogue um nordestino"? Seria um acadêmico graduando de Ed. Física (me perdoem os profissionais da área, minha intenção não é generalizar)
desses que só pensa em bíceps e bunda?

Lika FRÔ disse...

É isso aí, Fábio Bigóds mermão. E eu não citei no texto, mas a minha amiga que fez administração e cursa pedagogia na qual me referi no post do blog, trabalha há algum tempo nas casas bahia de avaré. Valeu por comentar e quero enfatizar que é a primeira vez que você concorda 100% comigo... hahaha beijão, brother ^_^

Bruna Camargo disse...

"ACREDITO QUE ERRADO É AQUELE QUE FALA CORRETO E NÃO VIVE O QUE DIZ"(T.M)!

Parabéns pelo post frô.
Um beijo!

Lika FRÔ disse...

Valeu, Bruninha. Eu sabia que você não ia se pronunciar sobre Foucault, afinal, sua monografia teve as teorias dele como base. Você não é uma analfabeta acadêmica como eu... hahahaha... um beijo :)

Euterpe disse...

Ahhh, eu perdendo um debate XD

Concordo inteiramente que a academia é um impedimento ao pensar, mas não por causa do vocabulário. Digo isso porque nunca me foi exigido um vocabulário específico, as correções que vejo (e que ocorrem às vezes em público envegonhando os alunos) são no sentido de não cometer erros, o que concordo pois um erro pode afetar o desenvolvimento de uma argumentação, além do que, um vocabulário neutro - nem muito gramaticalmente errado ou prolixo - possibilita que os ouvintes consigam direcionar sua atenção para o conteúdo do discurso.
É claro que há os prolixos, geralmente são os que não têm precisão na argumentação que rebuscam demais (há exceções como sempre, Kant por exemplo né).
O problema pra mim tá no regime de "seguidores" que os digníssimos professores das universidades promovem, orientando somente aqueles que optam por reafirmar o que eles - professores - acreditam ser o certo.
Com relação ao que você falou sobre expressar sempre as idéias de um autor, é outro gigantesco problema. Se pegarmos o livro da anpof (fizeram esse levantamento, mãs não lembro os dados) do último ano a maioria ESMAGADORA (sério, era acima de 90%) dos trabalhos é comentário de autores.
Como alternativa há as pesquisas temáticas interdisciplinares como a ciências cognitivas que abrem esse espaço. A minha pesquisa é desse tipo, mas são pouquíssimos professores que aceitam orientar.
Falar sobre a "noção de x na obra w" é importante, mas fazer somente isto não nos ajuda a caminhar em frente.

Lika FRÔ disse...

Amaaaanda, tava faltando você aqui nesse debate. Pois é, guria, é foda bagarai arranjar orientador quando se rema contra a maré... eu quem diga... e sobre sua pesquisa, ela é perfeita, nem tem o que dizer... se eu fosse sacana, ia tungar ela de você, mas não levo muita mãnha pra ciências cognitivas... hahaha eu acho... Matou a pau aqui: "O problema pra mim tá no regime de 'seguidores' que os digníssimos professores das universidades promovem, orientando somente aqueles que optam por reafirmar o que eles - professores - acreditam ser o certo."

Bruna Camargo disse...

Nossa Frô lembrei do Professor no mestrado que acabou com a minha pesquisa falando que tava até com alergia, lembra?

E depois o mesmo livre docente corrigiu o cara que falava:
Aluno especial: - "QUANDO A FAMÍLIA REAL VIERAM PARA O BRASIL"

Professor fodão "O QUE? O QUE QUE VOCÊ TA DIZENDO?"

Aluno especial: - "QUANDO A FAMÍLIA REAL VIERAM PARA O BRASIL"

Professor fodão: - "A FAMÍLIA REAL NÃO VIERAM PARA O BRASIL, A FAMÍLIA REAL VEIO PARA O BRASIL, FALA DIREITO RAPAZ"

E lá se foi mais um aluno pro psicólogo!hehe

Lika FRÔ disse...

Aiii Bruna, claro que lembro, fiquei com ódio eterno desse cara, maaas, como ja disse, infelizmente se quisermos títulos teremos que passar por esse tipo de situação... você é quem mais sabe, fez matéria no mestrado e tals... foda né?! E além de tudo, é angustiante por não ter solução. Pãtz... valeu por comentar, flor ^_^

Jean Moreno disse...

Oi Frô,
Passei por aqui e vi seu post sobre “se expressar bonito” pela segunda vez e não resisti e resolvi dar tb meu palpite.

Acho (quer dizer, penso rsss...) que, neste caso, há que se distinguir as coisas. Qualquer sistema de linguagem é naturalmente impreciso e uma instituição que queira produzir conhecimento terá que se esforçar por precisar os seus termos para que os ‘ruídos’, que sempre existirão na comunicação, sejam diminuídos e o debate público torne-se mais proveitoso. Talvez não precisemos criar tantos neologismos como Deleuze, Guattari ou Bourdieu, mas a produção de um conhecimento novo pode exigir, em alguns casos, uma atenção redobrada aos textos (orais, imagéticos, escritos) e à produção de sentidos, se quisermos estabelecer diálogos ou poliálogos, como no caso que estamos fazendo no seu blog.
Um outro caso é o uso de uma linguagem rebuscada para esconder a fragilidade de conteúdo. Desde o início do século XX há uma luta no Brasil contra o que se chama de bacharelismo. Dentre suas características estaria a de falar muito, de maneira artificialmente impostada, sem dizer absolutamente nada. É uma das formas da 'distinção social'.
Com conteúdo ou não, o que se deve evitar é a arrogância. Usar a linguagem ou qualquer outra forma de conhecimento para desrespeitar a qualquer outro ser que conosco conviva. Afinal, é prudente verificarmos que, para qualquer conhecimento que imaginemos ‘possuir’, há milhões de outros em que somos e seremos nesta vida completamente leigos. De tal forma que a alternativa que nos resta é tentarmos aprender um pouquinho uns com os outros.

Desculpe a intromissão... Abraçoss

(E sendo nuvem passageira Não me leva nem à beira Disso tudo Que eu quero chegar)

Lika FRÔ disse...

Professoooooor, nossa que profundo tudo isso! Perdão eu estar dendo seu comentário só agora (um mês depois), mas é que não costume ver comentários de postagens antigas e hoje eu vi assim, do nada... eita! Gostei do que escreveu, gosto da sua coerência com a s pelavaras, quando eu crescer quero ser igual a você :D