domingo, 14 de novembro de 2010

o "querer mostrar"



Domingo pela manhã é um excelente momento para lembranças e reflexões; bom, pelo menos pra mim. Estava eu, então, num desses momentos quando me lembrei da aula de redação quando eu fazia cursinho pré-vestibular em 2007. Lembrei da queridíssima professora Thaís comentando algo sobre internet, querer ser, querer ter, querer mostrar e se aparecer. Não me lembro muito bem, mas acho que era proposta de redação do vestibular da UNIFESP.

Juntando essa lembrança com a reflexão que tive a poucos dias na palestra sobre política do professor da área de educação, Maurício Saliba, onde ele afirmava que o ser humano só se é feliz e consegue obter objetivos de vida quando este faz e é reconhecido, pelos outros, de alguma maneira pelo que faz.

Pois bem, pensando sobre tudo isso me veio na cabeça a INTERNET. Vasculhando o mundo alheio no orkut, facebook e twitter, vi a grande necessidade que as pessoas têm atualmente de dizer e mostrar a todo momento o que elas fazem ou deixam de fazer. Mas por que isso? Talvez seja a busca pelo reconhecimento alheio, ou talvez elas sofram de depressão e precisam que pessoas digam o que fazer... não sei, pode soar um tanto subjetivo, mas por que tantas pessoas agem nesse mundo virtual de maneira tão igual?
Pensando por outro lado, o mundo virtual ja está um tanto massificado. Quem nunca ouviu falar na internet em pelo ano de 2010?
Tá certo, eu sei que o mundo é muito grande e que existem tribos espalhadas pelo mundo que ainda vivem como os homens primitivos. Mas como eu sei disso? Porque vi na internet.

E você aí, o que tanto ja fez para se mostrar na internet e atribuir maior número de reconhecimento? Por exemplo: "olha o que eu e meus amigos fizemos no final de semana"... ou então "olha o show que eu fui e você perdeu"... ou "olha como estou feliz com meu presente de natal"...ou "fui num orfanato e brinquei com criancinhas" viram? Por que as pessoas precisam que as outras vejam e saibam do que elas têm ou o que elas estão fazendo? Será isso a eterna caminhada pela felicidade? Mas que felicidade é essa? Felicidade que só se concretiza com o reconhecimento alheio?

Segundo a minha interpretação do prof Saliba, essa é uma forma do ser se encontrar na sociedade enquanto indivíduo, mostrando e sendo reconhecido, pois isso é o objetivo "mor" para que o ser seja feliz e não desista de viver.

Não estou julgando ninguém, é apenas uma reflexão, ainda mais porque depois disso eu olhei muito para o meu umbigo e vi que ja fiz várias dessas coisas para ser reconhecida e nem ao certo sabia o motivo para isso.

Oh god, a ignorância é uma benção!

10 comentários:

Jéssica Marques disse...

"Oh god, a ignorância é uma benção!"

haha'

eu também já fiz, faço, e talvez faça muito mais coisas assim...

www.fleur-du-matin.blogspot.com

Dinho disse...

Realmente, nossa felicidade sempre vai ser baseada na forma q o outro nos enxerga, incluindo nesse outro nós mesmo, afinal, nossa consciencia é formada por ideias q adquirimos de outros (sociedade, familia, comportamento, até mesmo o pensamento sobre o q é felicidade não vem de nós mesmo). De forma consciente ou não, seremos eternos escravos dessa busca alucinante de identidade. Falando em felicidade, tem uma letra q eu adoro do Tom Zé, q mostra o quanto ela é subjetiva (ou não...hahahaha)

VAI
(Menina amanhã de manhã
(Tom Zé - Perna)

Menina, amanhã de manhã
quando a gente acordar
quero te dizer
que a felicidade vai
desabar sobre os homens
vai
desabar sobre os homens
vai
desabar sobre os homens

Menina, ela mete medo
menina, ela fecha a roda
menina, não tem saída
de cima, de banda ou de lado.
Menina, olhe pra frente
Oh! menina, todo cuidado,
não queira dormir no ponto,
seguro o jogo, atenção.
(De manhã)

Menina, a felicidade
é cheia de praça,
é cheia de traça
é cheia de lata
é cheia de graça.

Menina, a felicidade
é cheia de pano
é cheia de peno
é cheia de sino
é cheia de sono

Menina, a felicidade
é cheia de ano
é cheia de Eno
é cheia de hino
é cheia de ONU.

Menina, a felicidade
é cheia de an
é cheia de en
é cheia de in
é cheia de on

Menina a felicidade
é cheia de a
é cheia de e
é cheia de i
é cheia de o

Menina a felicidade
é cheia de a
é cheia de e

é cheia de i
é cheia de o
é cheia de a
é cheia de e
é cheia de i

cheia de a
cheia de e
cheia de i
cheia de o

Lika FRÔ disse...

Pois é Tina e Dinho, a gente faz inconsciênte mesmo... mas quando se para pra pensar, qual é o sentimento? Confesso que senti um pouquinho de vergonha/constrangimento... é estranho se dizer... eu tô confusa!

Bruna Camargo disse...

O grande lance do ser humano é RELACIONAR-SE. Quantos mais meios ele acha pra se aproximar de pessoas ele vai usá-los.Nós latinos americanos somos mais "carentes" ainda neste sentido.E beija e abraça, não é a toa que sites de relacionamentos fazem tanto sucesso por aqui.

Mas confesso fro que compartilho dessa confusãozinha nas idéias com você também.

Bjuuu.

Lika FRÔ disse...

É Bruninha, nosso sangue latino não nega! O Dim é quem sabe: "I love my brasilian friends" haha

Vinícius Juberte disse...

Na minha concepção o fato é que todo ser humano, por definição, é um ser carente, que precisa a todo custo de atenção. Nós temos uma necessidade absurda de que o outro nos olhe e nos escute. Todos esses novos meios surgidos com a internet na verdade são um grande grito: "Hey! Olha eu aqui! Eu existo!". Nós precisamos nos expressar para que os outros percebam que estamos ali. O Twitter por exemplo. É a pura necessidade de expressão gratuita. É o único lugar onde você fala sozinho em público e não tem vergonha disso. Mas sempre há a esperança de que alguma boa alma verá o que você disse e irá interagir com você. É claro que no nosso mundo existe a questão do status, de se mostrar pra impressionar, mas ainda assim, a questão da carência vem antes disso. É algo quase ontológico. O ser humano como ser social já nasce precisando da atenção alheia. E a grande angústia dos nossos tempos é justamente essa: Conseguir essa atenção de maneira sincera está cada vez mais difícil, com as pessoas, dia após dia, vivendo enjauladas em seu próprio individualismo. Será que conseguiremos mudar isso??? Ou estamos fadados à solidão??? A nos sentirmos sozinhos no meio da multidão??? É uma boa pergunta...

Vinícius Juberte disse...

Depois de ler novamente o meu comentário percebi o quanto "Cem Anos de Solidão" do Gabriel García Márquez me influenciou!XD

Lika FRÔ disse...

É essa a pegada, valeu por comentar, Vi ^_^

Gabriel disse...

nos afastamos cada vez mais de nossa natureza, e criamos artifícios para remediar as patologias que essa cisão nos traz.
talvez, o maior artifício seja esta falsa ilusão de pertença através de convenções sociais... hábitos sociais que nos fazem parecidos... e nos tornam reconhecíveis: "ah... uso esse tênis.. olha que legal..." "... ah, penso dessa forma, olha que legal!" "ah, sou inteligente, olha que legal" "sou belo" "sou rico" "sou esforçado" RECONHEÇA-ME!
mas pasmem, não nos reconhecemos nas mais essenciais, porém sutis idetidades, que não foram criadas por nenhum sistema de ideias ou ideologias, por nenhuma cultura ou nação, ou religião...
não nos reconhecemos no respirar o mesmo oxigênio da terra, não nos reconhecemos no pulsar de nosso coração, não nos reconhecemos no brilho dos nossos olhos, na terra comum em que pisamos...
nos reconhecemos através dos caracteres binários de um PC frio e barulhento.. nos códigos de barra do supermercado, nas bebedeiras que nos amortece do cotidiano neurotizante.
e acima de tudo, nos reconhecemos através do outro, antes mesmo de reconhecermos a nós mesmos. talvez porque nos conheçamos melhor que ninguém, e sabemos que, com essa vidinha besta que mantemos (e que toda nossa geração mantém), não merecemos todo o reconhecimento que desejamos... como pra nossa consciencia é mais difícil fingir, então finjamos para o outro, e esperamos que o outro nos reconheça.

Lika FRÔ disse...

Nossa! Uow!