domingo, 7 de dezembro de 2014

São Paulo me engoliu

São Paulo é a cidade engolidora de pessoas. Não sei se todas se sentem assim, mas eu fui mais que engolida, eu estou sendo digerida por ela e sabe-se lá qual dia ela irá me excretar. Além disso, ainda estou digerindo São Paulo. Nesse mês fiz 2 anos consecutivos habitando na selva de pedras. Nada mal pra quem achava que eu não duraria 2 semanas aqui. Muitos dos meus planos eu ainda não consegui dar andamento. Sempre fico com aquela impressão de que não fiz nada da vida e culpo a cidade por isso. É mais fácil culpar a cidade do que me culpar. Aqui o relógio anda em outra frequência. Além de a música tocar em ritmo acelerado, a dança é frenética. Os segundos são preciosos. Tudo é milimetricamente calculado. Os passos, a respiração, o sabor. Tudo! Se eu tomar um gole a mais de água, talvez perca o único ônibus que vai para o meu destino, então o jeito é beber água no caminho. Não só água, mas comer, dormir e até mesmo vomitar. Não é agradável compartilhar isso em um blog, mas dias atrás passei por uma experiência nada agradável. Por estar inserida e consumida pela aceleração constante em que a cidade me posicionou, tive que dobrar minha hora de trabalho. Ao invés de sair às 17h30 como de costume, precisei sair às 21h30. Psicologicamente abalada com a situação e com a estrutura corporal desarranjada devido ao tempo a mais de trabalho, não conseguia comer e aquilo que já havia ingerido estava revirando dentro de mim pedindo socorro. Preocupada, avisei meu namorado que eu estava mal e o mesmo tomou o ônibus e foi me buscar imediatamente. Saindo do trabalho, eu não aguentaria nem mesmo chegar ao ponto de ônibus. Com o auxílio dele, consegui me arrastar ao ponto de ônibus mais próximo e por sorte passou a condução que nos deixaria bem próximos de casa. O motorista do ônibus, por sua vez, já deveria ter trabalhado todas as suas horas e aquela corrida seria a última do dia, correu tudo que podia para acabar seu expediente e enfim poder descansar. A pressa do motorista juntamente ao meu mal estar causou um estrago sem tamanho. Apenas três pontos antes de chegar a minha casa, vomitei. Mas não foi um simples vomito, vomitei tudo o que eu não tinha no estômago e mais todo meu cansaço. Vomitei a pressa, o estresse, a raiva, as horas a mais de trabalho, enfim, tudo aquilo que eu queria dizer e não disse, fazer e não fiz. Ficou metade no ônibus e metade na calçada apenas 3 pontos antes de chegar ao meu destino. Foi um grande alívio. Passar mal me fez bem. E como eu queria ter vomitado antes naquele dia. Como o ritmo acelerado me fez mal. Essa cidade me engoliu, mas aos poucos eu a digiro ou então vomito e deixo tudo àquilo que me faz mal PRA FORA! Obrigada São Paulo :)

sábado, 19 de julho de 2014

Um ano inteirinho com você

De repente eu senti vontade de me mudar pra São Paulo. Não tinha nada o que fazer aqui. Mas foi dando tudo certo. Arrumei emprego, casa. Fiz amigos rapidamente. Tudo foi encaminhando e eu fui ficando assustada com a velocidade com que as coisas aconteciam nesta cidade. Em menos de um ano eu já estava no meu 3º emprego. Mas faltava uma coisa. Não sabia direito o que era. Um sentimento vazio. Um espaço a ser preenchido. Uma amiga querida me contou sua história. Me interessei logo de cara. Quero conhecer essa pessoa, Ju. Me apresenta! A Ju enrolou. Mas ela sabia o momento certo. Ouvi sua voz pela primeira vez no telefone. - Ele vai, disse a Ju. Finalmente vocês irão se conhecer. Todos sabiam, menos você. Naquele dia me preparei. Coloquei um sobretudo vermelho, bota e até passei maquiagem. Você chegou com a roupa de trabalho, a carinha cansada e portando uma marmita com chuchu. Cumprimentou todos da mesa, menos eu. Estava no cantinho em um lugar inacessível. E a Ju disse: “essa é a Aline”. Você, tímido, respondeu: “eu sou o Antonio”. Pronto, ali eu já vi que passaria o resto da minha vida com você. Não soube me expressar muito. Porém eu ganhei a dica: “faça piadinhas e entre na dele”. E foi assim por uma semana. Conversas, piadas, convites, propostas. E de repente eu quase estraguei tudo. Porque apesar da certeza, a insegurança batia forte. Mas por uma chuva, um bar e uma pausa na prosa, tudo se desenrolou. E hoje faz um ano que tudo aconteceu. Que eu finalmente te encontrei. Comecei a ver futebol. Todos! E até fiquei um pouco entendida da coisa. Não precisei mais usar maquiagem. Você tomou gosto por seriados americanos, daqueles que se passa o tempo. E largou alguns vícios, os quais me incomodavam e te prejudicavam. Nós fizemos planos. Estão em andamento. E permanecerão, pela eternidade. Que nossos objetivos nunca terminem. Que haja sabedoria para que caminhemos juntos na mesma sintonia. Amo você sem medida. E é essa a melhor medida de amar. Feliz um ano!

segunda-feira, 12 de maio de 2014

A eterna desculpa

A impressão que eu tenho é que estamos o tempo todo nos desculpando com a vida por não fazermos algo porque existe um impedimento. Não vou levantar agora porque ontem não dormi bem. Eu dormiria senão houvesse barulho. Estou cansada, então não vou cozinhar. Escrevo um texto no blog, mas eu gostaria de estar estudando, mas estou escrevendo um texto no blog. Corrigiria os erros gramaticais senão fosse a preguiça. Chen Te, a famosa alma boa de Setsuan - peça a qual sou muito fã - vive sua vida em função de aproveitadores e devido a eles ela justifica sua vida: "Como posso ser boa se tenho que pagar meu aluguel?". Eu traduziria para mim: "preciso estudar para o mestrado. Como estudar para o mestrado se estou cansada de trabalhar? Se não trabalhar, como pagar o aluguel? Se não pagar o aluguel, como morar em São Paulo?"... resumindo: não-estudar é o mesmo que um visto para pagar aluguel em São Paulo. Viu só? Essa é a minha desculpa. Não estudo porque pago aluguel e, para isso, devo trabalhar. Mas e o tempo em que estava desempregada, Aline? Ah, nesse tempo eu não estudava porque estava procurando emprego para ganhar dinheiro e pagar o aluguel. Neste momento eu poderia estar estudando, mas logo devo dormir para acordar cedo, trabalhar e conseguir dinheiro para pagar o aluguel. Bom, vou lá pagar meu aluguel e já volto. Desculpa!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

De incertos somos todos

É engraçado. Todo dia realizamos atividades pré-selecionadas e estamos condicionados a pensar que nada de diferente acontece e, se acontece, geralmente tende para o lado negro da Força. O negativismo corre em nossas veias. Difícil aquele que consegue ser positivo o tempo todo. Fé cega e pé atrás. Parei para observar os últimos meses. Ociosidade tendo certa relevância em grande parte do tempo. Nada acontece, NADA! Minha injustiça com a vida só cresce. Mas, parando para analisar, muita coisa aconteceu, só não aconteceu o que eu mais esperava no momento, mas o que já esperei em outros tempos, aconteceu agora, nesses dias, e eu injusta nem percebi. Vida, perdoe-me, sou uma mera humana que ainda está na busca para um caminho melhor! Pode parecer discurso de um idealista, e é. Não é pretensão, nem querer ser melhor que os outros, mas buscar insistentemente melhorar. Difícil! Tarefa árdua pra quem convive com pessoas tão distintas. Creio que não é só minha vida que seja assim. Não posso agradar todos, tento agradar a maioria, mas acima de tudo, tenho que me agradar. A vida tem me mostrado que está me agradando por onde não enxergo. Mas as incertezas estão fazendo meus olhos se abrirem, lentamente. Quando pensei que nada tinha, muita coisa apareceu. Pessoas ressurgiram, sentimentos afloraram ainda mais, recebi ajuda de quem não imaginava. As coisas acontecem, o tempo passa e nós, em nossas atitudes mesquinhas, não percebemos. Claro, é mais fácil reclamar. Reclamar do outro é ainda mais fácil. Muitas vezes até prazeroso. Pode estar certo, pode estar errado, mas esse caminho eu não quero. Percebi que meu filtro para tolerância diminuiu em certa quantidade. Isso talvez seja ruim, ou não. O lado ruim é que minha paciência diminuiu e o lado bom é que não alimentarei um câncer. Os médicos mandam extravasar, o misticismo e espiritualidade aconselham a retensão de sentimentos negativos para transformá-los em positivos. Muito mais difícil, na minha opinião e mais difícil ainda medir qual escolher e em qual situação. Dizem por aí que o sentido da vida é ela não ter sentido. Discordo. Acredito que a vida tenha um sentido, pois caso contrário viver seria em vão. Sobreviver com indivíduos dificilmente "convevíveis" (neologismo by me) seria em vão, estudar seria em vão, trabalhar seria em vão e assim vai. Mas é esse sentido? Não sei o fim último, mas acredito que o meio e as reciprocidades têm uma grande importância nessa divagação "insônica" (mais um! logo terei que escrever com um dicionário). Olho para o céu e não vejo as estrelas todos os dias, mas sei que elas estão lá. Olho para minha vida e não observo os acontecimentos, mas sei que eles passam por mim e devo me ater, pois de vida superficial o mundo está cheio e eu não quero comprar mais essa.