sexta-feira, 4 de março de 2011

Outras Frequências



Carnaval, tá! Nunca procurei saber exatamente o motivo pelo qual ele existe, só sei que quando eu era mais criança essa data era bem mais legal (assim como a páscoa e o natal).
Quando criança as tias da escolinha nos ensinavam coisas sobre folclore e faziam festinhas para que fossemos fantasiados e tocavam marchinhas para que dançássemos.
Agora, é claro, tudo mudou. Mas parece que não mudou só pra mim, sinto que tudo mudou pro mundo. É óbvio, as coisas mudam, mas em relação a isso me soa como algo um tanto de forma objetiva para todos, generalizando um tanto mesmo.
Essa data se resumiu em bunda, música de baixa qualidade, bunda, cerveja, créu, bunda, bebedeira, zueira e bunda.
Também é claro a infuência no sistema disso tudo, mas não vou cometer o erro de dizer que não faço parte do sistema, pois a minha existência dentro da sociedade diz que querendo ou não eu tenho certa culpa nisso tudo (ok, Amanda... hahaha!)
Mas o que fazer? Isso tudo não vai acabar só porque eu quero, afinal, tudo tem um lado bom... poderei visitar minha família, rever alguns amigos e talvez fechar meus olhos para tudo que acontecerá no mundo fora da minha bolha.
Por que? Ahhh é só porque eu vibro em outras frequências... e sei que não estou sozinha. Tomamos uma posição perante a um fato de oposição. E é isso, as críticas sempre vão existir, o importante é tentar não ligar, não julgar e ser feliz.

Pra não perder o costume, Engenheiros do Hawaii:

Seria mais fácil fazer como todo mundo faz.
O caminho mais curto, produto que rende mais.
Seria mais fácil fazer como todo mundo faz.
Um tiro certeiro, modelo que vende mais.

Mas nós dançamos no silêncio,
choramos no carnaval.

Não vemos graça nas gracinhas da TV,
morremos de rir no horário eleitoral.

Seria mais fácil fazer como todo mundo faz,
sem sair do sofá, deixar a Ferrari pra trás.
Seria mais fácil, como todo mundo faz.
O milésimo gol sentado na mesa de um bar.

Mas nós vibramos em outra frequência,
sabemos que não é bem assim.
Se fosse fácil achar o caminho das pedras,
tantas pedras no caminho não seria ruim


Bom feriado a todos, aproveitem os momentos felizes, porém tomem cuidado com as energias ruins

QUE A FORÇA ESTEJA COM VOCÊS!

16 comentários:

Vinícius Juberte disse...

O significado original do carnaval é muito interessante. Na verdade a nossa festa de hoje descende de uma festa surgida no final do período Medieval chamada de Entrudo. Essa festa marcava o dia em que a ordem social tinha a permissão para se inverter, era o dia dos pobres mandarem e do rei ser achincalhado, foi aí que surgiu a figura do "Rei Momo" que temos até hoje. Ou seja, era uma subversão permitida justamente para se manter e afirmar a ordem. Pra mim o nosso carnaval ainda guarda essas características. Nos próximos dias as grandes figuras serão os Mestre-Salas e as Porta-Bandeiras das escolas de samba, que são pessoas vindas da comunidade, e sempre negras. Depois que tudo passa elas voltam a ser lixeiros e faxineiras, anônimos em uma sociedade que não lhes dão valor algum. Continua sendo a festa que reforça a ordem. E se não bastasse agora temos incluídas nela todas as mazelas do nosso tempo, as quais você já citou no texto. No fim é melhor continuar "vibrando em outras frequências" mesmo e continuar tentando mostrar para as pessoas que o mundo delas "não é bem assim" como parece...

Kauê Piraju disse...

é Frô, a globo ferra com o carnaval, pois existe uma essencia nessa festa, e existem pessoas no dia de hoje que para se promover tem que ficar nús, mas o povo que ta envolvido e que não faz parte dessa hegemonia se diverte muito, por isso quem não curte carnaval é só deixar a tv desligada e curtir com a familia e amigos como vc faz...

abrass

Rodrigo Mariano disse...

Vinicius to contigo, irmao Kauê contigo tbm, e com vc Frô quando diz, para relaxar e nao julgar, e é claro as nuances sociais são muitas, muitas frequências, as vezes, quase sempre, não captamos todas nem boa parte delas... eu diria pra vc e pra todos desligarem a TV e foliarem seus e outros mundos...


a Frô, a pampa já ta lá nas pequenas ficções, abraço letrado

Lika FRÔ disse...

Genteee que legal vocês aqui, fiquei mega feliz! Vi, valeu por esclarecer, eu realmente não sabia de nada disso e ainda concordo, é sempre bom vibrar em outras frequencias, independente de data e afins. Kauêêê mermão, que bom você aqui, valeu por comentar e bora curtir o feriadão com as pessoas que gostamos. RodrigooOoooO tu tem um blog agora, tô sabendo... vou add aqui, valeu por comentar, tô contigo :D

Bruna Camargo disse...

Gostaria de refletir o aspecto da Elitização do carnaval(especialmente RIO-SP).

Me lembrei do Teatro do Oprimido, Boal diz que o "teatro era O POVO cantando livremente ao ar livre", depois elitizou-se, percebemos pelo preços dos ingressos.
A alusão ao T.O me veio em mente quando o Vinicius escreve "ERA O DIA DOS POBRES MANDAREM", festa popular então na sua origem.
Pensamos assim o preço de uma tal "abadá", preço popular?não. Quem "brilha" como rainha de bateria dessas escolas que passam na TV? gente pobre? na maioria das vezes artistas muito ricos, e como destaques em alguns carros também, gente com GRANA. Quem vai gastar 8 mil reais em abadá?gente pobre?é claro que não.

Enfim, temos ainda em várias cidades do país o carnaval com carater popular sim, de rua e etc. Mas esse que a rede esgoto transmite, não é não. O povo da comunidade ta participando, ta sim, mas eles saem na mídia como destaques do carnaval? não, acabo de ler a seguinte noticia "Confira os artistas que brilharam nesse carnaval", aff, e cade o destaque pra quem tava empurrando os carros? sem eles o que seria do carnaval?

Como disse o vinicius, "as mazelas do nosso tempo", elitizaram mais uma vez o que era pra ser do povo.

Lika FRÔ disse...

Bruninha, excelente reflexão. E o que não é elitizado nesse sistema capitalista? Nisso tudo, o pobre não tem vez, só é mostrado na mídia quando alguma enchente o pega ou então quando algum rico ou famoso faz "caridade" e quer mostrar ao mundo que "ajudou um delinquente"... Afff... e o carnaval de caráter mais popular não é tão exibido em rede nacional porque a grande massa GOSTA de ver gente rica e famosa na tv... vai dizer que não é verdade? Hahaha...
Valeu por comentar, flor :)

Bruna Camargo disse...

Esse ano fiquei triste porque não fizeram o carnaval de rua em Ourinhos.E há alguns anos não rolava em Jacarezinho também.
Uma pena extinguirem o carnaval das cidades do interior, onde ali se vê mesmo uma festa do povo e para o povo.
Mas felizmente esse ano rolou desfile em Jacarezinho sim, fiquei super feliz quando soube. Não pude conferir porque fiquei sabendo na quarta-feira de cinzas, hehe. Mas as fotos estão lindas.

Bjuuuu.

Euterpe disse...

Oiii Frô!!!

O carnaval traz reflexões em diversas dimensões como pudemos ver. Eu particularmente amo carnaval, a segunda-feira de carnaval sempre entra no meu top 5 de melhores dias do ano. No entanto, eu não vou à bailes - exceto para tocar -, hoje em dia não bebo e só ouço sambas-enredo o carnaval inteiro. Esse ano ao sair do baile em que fomos tocar vendo entre diversas pessoas vomitando um cara quebrar uma garrafa na cabeça de outro na minha frente, eu tive a certeza de que só tem ótario nas ruas XD, mas isso não se deve ao carnaval e sim ao open bar. Não vejo nenhuma diferença entre essas festas e as outras que ocorrem durante todo o ano. Mas acho que a culpa é mais minha mesmo, eu tô velha demais para essa geração hauhauhauhauhua.
Enfim, o carnaval tem diversas dimensões, tem quem goste porque pode descansar, tem quem goste por causa da pegação e tem quem goste de tocar, cada louco com sua mania...
Só falando sobre a elitização, é inegável, mas não podemos esquecer que a galera que realmente é da comunidade das escolas ou que como eu ensaiou o mês inteiro com a tendinite fudida não paga fantasia, só a galera que quer aparecer. E há quem pague muito.
Bruna, é muito triste ver as prefeituras acabarem com o carnaval de rua que é na verdade a única manifestação genuína dessa festa. Aqui em Piraju pelo que vemos não durará muito mais tempo, já não há mais verba específica para o evento.

Lika FRÔ disse...

É, tudo tem zilhões de dimenções e olhares. Mas querendo ou não carnaval é uma desculpa para as pessoas fazerem o que ja fazem só que de forma triplicada porque é carnaval (pegação, bebedeira e afins). Já dizia O Teatro mágico: "mulé com mulé é lesba e homi cum homi é gay, mas dizem que quem beija os dois é biccional, só não pode falar nada QUANDO É BAILE DE CARNAVAL". E eu penso que a elitização ocorre em qualquer manifestação de cunho popular... assim como aconteceu com o teatro, a música, a dança e afins, mas É CLARO que existe o contra-ponto, as comunidades, os projetos de extensão e afins... Valeu Amanda pelo comentário e valeu Bruninha pelo "reblogueio" hahaha

Vinícius Juberte disse...

O problema é que o carnaval desde a sua origem é uma festa para reforçar a ordem social vigente. É UM dia para os pobres "mandarem" para que nos outros 364 dias eles se mantenham no seu lugar. Pra mim essa característica ainda é muito presente. Porque, de fato, existem os famosos nos desfiles, mas 99% das pessoas que estão ali são das comunidades.

Lika FRÔ disse...

Mas de qualquer forma, mesmo a comunidade sendo a maioria, ele é transmitido, principalmente pela mídia, como algo elitizado. Como disse a Bruninha, a galera que fica lá ralando tem poucos méritos midiáticos do que os famosos. Tuuudo culpa da Globo :B mas pensando de outra forma, quem precisa de prestígios midiáticos?

Euterpe disse...

Vinícius, foi interessante você colocar esse ponto. Lendo sobre a história do carnaval eu tenho um impressão diferente. Em sua origem na verdade o objetivo era igualdade por isso se utilizavam as máscaras, para que ninguém fosse rotulado como pertencente a alguma classe específica. É claro que chegou no Brasil como uma festa da elite. E hoje é uma festa popular mas que envolve muito dinheiro, patrocínios e tal... Não sinto que as relações se estabeleçam dessa forma, "dia em que pobres mandam em ricos", até porque para quem tá desfilando e realmente ajudou a fazer o carnaval não importa nem um pouco se tem alguém assistindo. A sensação de estar lá cantando o enredo da sua escola com seus amigos já é prazeirosa por si. Mas sem dúvida esse pode ser o dia em que os "pobres" mostram a sua cara.

Luis Eduardo Veloso Garcia disse...

"para quem tá desfilando e realmente ajudou a fazer o carnaval não importa nem um pouco se tem alguém assistindo. A sensação de estar lá cantando o enredo da sua escola com seus amigos já é prazeirosa por si"

Falou por mim aqui, assino embaixo.
O povo q rala pra levar a escola pra avenida não esta preocupado se a Globo ou a Band vão dar um close neles ou na atriz global q esta como destaque. Alias, nossa postura diante a midia é tão contraditória q acaba se tornando divertida, pois ao mesmo tempo q encaramos ela como vilã, exigimos tbm sua participação como um objeto redentor.

Lika FRÔ disse...

É em prol da democratização dos meios de comunicação :P

Luis Eduardo Veloso Garcia disse...

"É em prol da democratização dos meios de comunicação"

Putz, é mesmo Fro, tem razão. Acabei focando num lado, e esquecendo de outro(dei um tiro no pé!hahaha).Valeu a iluminada!

Lika FRÔ disse...

Hahahaha adoooogo divergências que iluminam a posteriori :D