terça-feira, 2 de novembro de 2010

Estereótipo



Quando se é a primeira filha e a primeira neta de uma família que adora crianças você é mimada. Ao decorrer do tempo você se torna a bonequinha do papai e do vovô e a princesinha da mamãe e da vovó, principalmente porque você tem a pele clara, olhos azuis e cabelos loiros. Sua tia te dá bonecas e faz você as vestir de cor-de-rosa. Não obstante, sua mãe pretende fazer-lhe penteados, te passar batom, colocar roupas cor-de-rosa, te obriga a sorrir e bate várias fotos. Com a sua idade você até curte. Você é mimada, cuidam de você e ainda registram. É, sua família te ama e que te ver sempre fofinha. Mas você se sente mal com tantas pessoas tentando fazer de você uma coisa que você não é. Você não gosta de bonecas e prefere se vestir de vermelho, verde ou até mesmo azul... por que não roxo, laranja ou amarelo? Mas, rosa? Logo você entra na escola e por ser branca/olho azul/loira você tem a obrigação de ser metida. Sendo taxada de metida as outras crianças não gostam de você. Você cria seu universo paralelo e busca chamar a atenção das outras crianças de outras formas, seja contando piadas, se jogando no chão ou tentando pular amarelinha totalmente parecendo mais com uma patinha. Você cresce do seu jeito, na sua bolha, no seu mundo. As meninas da sua idade se vestem e agem feito mocinhas e você continua sendo aquela mulecona que usa all star e tem o cabelo armado. Sua família ainda te ama muito, mas sempre te questiona o motivo pelo qual você não é igual as outras. Um tempo depois você adquire certa feminilidade, mas é exclusiva sua, algumas pessoas até gostam, mas você continua sendo diferente. Se você resolve fazer filosofia em uma universidade pública, tá ferrada! Talvez isso seja bom. Primeiro que as pessoas olham o seu visual e pelo fato de você ser branquinha, olhos azuis e loira, além de metida você tem a OBRIGAÇÃO de ser RICA e BURRA. Aí tem que aguentar os questionamentos e afirmações alheias "aquela guria ali é rica, nem sei o que ela tá fazendo aqui", "ihhh ela é mór mimadinha, deve ser um cu", "oi, tudo bem? por que você quer fazer filosofia sendo que você é rica?".... AHHHH!

APELO I: sei que todos ja sofreram algum tipo de preconceito, mas eu não quero deixar para o meu filho um mundo estereotipado. Eu quero que ele tenha direito de escolhas mesmo sendo julgado, aliás, quero que ele seja menos julgado do que as pessoas são e sempre foram (utópico? sim, mas esperançoso). É claro que o pensamento sempre julga, é inevitável e hipocrisia negar, mas julgar uma pessoa e obrigá-la a ser o que ela não é, isso é crueldade.

APELO II: se uma pessoa é mimada e ela gosta, é porque se sente amada e muitas vezes ela não tem culpa de ser mimada. Ela não tem culpa que as pessoas a amam e querem vê-la feliz, fazendo mimos e trocando carinhos. Acredito que quem usa a palavra "mimada" no sentido perjorativo, é porque nunca foi mimado e morre de raiva!

APELO III: muitas vezes as pessoas que nascem ricas não tem culpa de terem tal status, elas não pediram pra nascerem ricas. As vezes esse mundo de futilidades é a única coisa que elas conhecem e nem todas as pessoas ricas seguem o padão de beleza que a mídia impõe. Não estou defendendo a burguesia, apenas penso que tal taxação tem mais de um lado.

Finalização: sou mimada, mas não sou rica e meu ócio favorito é filosofar. Seja quem você quiser ser, cada indivíduo tem seu momento. As pessoas mudam se assim julgarem melhor para elas. Logo, quem é você pra julgar alguém? Pense nisso. Você só é mais uma pulga no leão assim como os demais que aqui habitam.

6 comentários:

Jéssica Marques disse...

"Seja quem você quiser ser, cada indivíduo tem seu momento."

todo mundo já foi taxado um dia, e não gostou ;x

Lika FRÔ disse...

Eu gosto de ser taxada de inteligente por mais que seja um equivoco :P

Dinho disse...

Sobre esse policiamento com a vida dos outros, ja diria o mestre Geraldo Filme:

Vá cuidar da sua vida
Diz o dito popular
Quem cuida da vida alheia
Da sua não pode cuidar

Ah Fro, e ve se foge desse determinismo q vc se coloca no texto, vc é mais q isso, não deixe os outros te reduzirem a visão deles. Deixo uma poesia minha sobre o q a visão determinista tenta nos prender:

Determinismo

Eu sou tudo isso
Que vocês fizeram
O erro por conseqüência
O acerto pelo descrédito

Jéssica Marques disse...

Ainda que tenham me taxado de inteligente um dia, eu não gostei, porque fez com que se decepcionassem comigo depois ;c

Bruna Camargo disse...

Rótulos.

Eu rotulo
Tu rotulas
Ele/Ela rotula

Nós rotulamos
Vós rotulais
Eles/Elas rotulam

Lika FRÔ disse...

Ja dizia Sarte "O que eu vou fazer com o que fizeram de mim?"

Aí sim hein pe pe pessoal :D