quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Sobre Cotas: Texto redigido por minha aluna do 3º ano do ensino médio, Vitória Moura Leite

Em se tratando de cotas, os argumentos são geralmente para o lado negativo da coisa. Os alunos de escolas particulares geralmente se sentem injustiçados, boicotados pelo o governo, vendo todo seu esforço durante o ano letivo para passar no vestibular sendo diminuído pela desigualdade no país. Todos sabemos que não é a melhor solução para o problema da educação no país, mas sabemos também que é a "solução mais viável por hora", entretanto, ainda todos também sabem que o país faz muita vista grossa para esse problema e, por isso, a hora adequada para acabar com essas restrições para o ingresso no ensino superior, ao que indica a vontade tanto do governo quanto da população, nunca chegará. Mas de todas as reclamações que li sobre, uma me deixou particularmente intrigada. Muitas pessoas afirmam que, com as cotas (leia-se cotas para escola pública, não estou falando das raciais) há um preconceito quanto a medição da capacidade dos alunos, ou seja, eles evidenciam com isso o fato de que alunos de escolas públicas e escolas particulares têm capacidades diferentes, e ficam indignados, acham o fim do mundo. No entanto, o conhecimento, especialmente o "voltado para o vestibular", é adquirido por meio de estímulos (e por estímulos entenda-se uma escola na qual professores estejam presentes e ensinando à medida que o ambiente proporcione boa convivência) e os estímulos não são os mesmos nas duas instituições, não por culpa de professores (claro que há casos e casos), mas pelo fato de que todas as mazelas sociais do Brasil se evidenciam num lugar em que a diversidade humana se torna limpa e sem maquiagens. A discrepância abrange questões como a carga horária, e até o fato de que, muitas vezes, professores formados em uma disciplina ministram outra! Hoje mesmo discutimos uma coisa parecida na aula de matemática, sobre como esse ensino voltado para o vestibular tira a importância do real conhecimento, você aprende um massete matemático para otimizar seu cálculo, você não resolve o exercício analisando a situação, você o resolve porque viu em um exemplo que uma forma x é mais rápida que a forma y, decora aquilo e passa no vestibular. Isso significa que você é mais capacitado que qualquer outra pessoa? Não! Todos temos as mesmas capacidades, o modo como elas são desenvolvidas é que difere. E é por isso que existem essas cotas para alunos das escolas públicas, eles não tem as mesmas oportunidades que nós, especialmente nós onze, que temos 6 aulas de matemática por semana, 7 de língua portuguesa, dentre outras... Acredito que não deveríamos nos revoltar de tal forma contra as cotas, há outros argumentos que as desmascaram de forma muito mais embasada. Sabemos muito bem porque elas existem e sabemos que elas não deveriam existir, isso nos basta. Reclamar não cabe a nós. Fomos de alguma maneira privilegiados. É dever do governo prover uma educação assim como a nossa para todos, mas por motivos que todos também sabemos, isso acontece. Não é nossa tarefa julgar os alunos de escolas públicas de menos capacitados, ou jogar no governo esse preconceito talvez existente por parte de alguns contra eles. Sempre pensei que as cotas no Brasil deveriam ser estabelecidas de tal maneira, e concordo com 50% para cada lado. O nível do ensino superior não cai por isso, pelo contrário, serve até como estímulo. É preciso que todos se lembrem que a questão aqui não é capacidade e sim OPORTUNIDADE. Desabafo de alguém que ficou profundamente pensativa após ter lido tantas pessoas dizerem que as cotas medem capacidade... Ainda assim o outro texto tinha ficado melhor :( Enfim, é isso... Essa é uma questão legal de debatermos :)

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