sexta-feira, 27 de agosto de 2010

E FICA COMO ESTÁ

As eleições para a reitoria da Universidade Estadual do Norte do Paraná já foram definidas, agora as disputas por diretoria de campi e centros de estudos são as próximas etapas. Segue-se que a proporção atual dos pesos dos votos é de 70% para os docentes e de 15% tanto no caso dos funcionários de carreira como acadêmicos. Discentes dos campi de Bandeirantes e Jacarezinho vieram à reitoria manifestar seu descontentamento com o quadro atual.



Foram de início barrados, mas guardando as faixas e cartazes de protesto e sendo contados em fila indiana os estudantes foram finalmente autorizados a entrar na reitoria da UENP. É bastante curioso utilizar o verbo “autorizar” quando me refiro à entrada em um prédio público, mas foi esse o termo escolhido pelos seguranças do local.



Já era de conhecimento amplo que estudantes estariam na reitoria durante a reunião do CUP (conselho universitário provisório) esta semana reivindicando o voto paritário para as eleições de campi e centros de estudos da UENP. Também não era desconhecido que as chances de que o voto paritário fosse implantado na UENP entre os processos eleitorais seria ínfima.



Para os alunos a real surpresa desse encontro entre estudantes e CUP foi o despreparo por parte daqueles que tão preocupados em defender suas teses e acalmar os ânimos dos discentes apresentaram grande ineficiência argumentativa.



Acredito que o uso inconseqüente e constante de falácias durante a plenária do CUP muito contribuiu para inflamar ânimos e desencadear reações mais explosivas. Os ilustres conselheiros ao se verem desconfortáveis com a presença de cerca de trinta alunos adotaram uma postura defensiva pouco eficiente. Algumas pérolas da discussão possibilitam uma análise lógica.



“As melhores universidades não têm voto paritário.” Foi um dos pontos altos da fala do atual vice-reitor Luiz Carlos Bruschi. Apelo à maioria ad populum foi o argumento que sustentou a defesa de Bruschi pelo sistema atual de cálculo de votos na nossa universidade.



O modelo empresarial das universidades que contratam executivos MBA para suas gestões é o modelo que queremos seguir? Um modelo importado de administração é o que precisamos? Penso que a discussão não é essa. Logo, apelando às maiorias temos a primeira falácia do rol.



“Nosso processo de credenciamento já passou por ameaças políticas externas.” Bruschi fez assim um apelo sentimental ad misericordiam ao tentar causar receio de que nossa universidade não seja recredenciada caso ocorram alterações no regimento eleitoral. Tentar implantar receios infundados quanto à continuidade de nossa universidade demonstra a falta de melhores argumentos do nosso estimado vice-reitor.



Conquistando logo de inicio olhares inconformados dos alunos presentes o professor do colegiado de Matemática de Jacarezinho conhecido pela alcunha de Kiko sustentou que o voto do aluno deve ter menor peso que o dos professores, pois “O aluno passa por um momento muito afoito próprio da idade”. O caro docente em sua argumentação não levou em conta que a partir dos 16 anos de idade qualquer jovem pode votar para presidente da república. Teria o professor algum problema com o corpo discente da UENP em específico? Falácia de ataque pessoal ad hominem computada contra o matemático.



A legislação seguia sendo discutida quando o professor Marcelo Alves do campus de Bandeirantes foi o provedor de uma das mais raras jóias do encontro. Categoricamente ele bradou “Eu como veterinário tenho conhecimento técnico sobre vacas, e sobre leis apenas os juristas devem opinar.” Com esse espírito talvez (tomara que) humorista o médico veterinário nos ofereceu uma conclusão irrelevante do tipo ignoratio elenchi.



O conselheiro do CUP e acadêmico Carlos Sato Netto teve sua vez na plenária quando defendeu que a importância do voto paritário não é a de equivaler a opinião daqueles que freqüentam a universidade por quatro anos contra aqueles que dedicam sua vida a ela. O objetivo dos votos com o mesmo peso entre professores, funcionários e alunos seria o de equivaler três classes que constituirão toda a existência da UENP.



Em resposta o nosso conhecido matemático desfere uma saraivada de cálculos contra Sato Netto em defesa da maioria percentual dos docentes. E encerra a artilharia concluindo “Como você não é da área de exatas você não deve ter entendido”. Esse final com ares orgulhosos redeu ao representante das ciências exatas a láurea de campeão do ataque pessoal.



A esse ponto da plenária já era possível de se ver alunos levantados e em ponto de começar uma manifestação menos discreta do que erguer os braços em oposição às propostas das quais discordavam, como estavam fazendo até então.



Ainda em justificativas defensivas Bruschi faz uma curiosa comparação “É justo ter uma orquestra sinfônica, mas ainda não temos dinheiro para contratar os músicos”. Creio que a impossibilidade de ouvir musica clássica ao vivo na universidade e a participação nas escolhas estratégicas dela tem diferentes importâncias para os alunos. O momento é de discutir legislação dessa autarquia que é a universidade e não de definir investimentos em atividades culturais. Por falsa relação de eventos falácia cum hoc ergo propter hoc adicionada à conta do vice-reitor.



Ao final da aula de falácias e depois de muitas preliminares o datashow exibiu as letras da discórdia e quando a votação consagrou a proporção atual dos pesos dos votos das três categorias dois alunos se exaltaram, acusaram membros do conselho de fascistas e foram retirados do recinto.



O atualmente reitor e bispo de Jacarezinho Dom Fernando pronunciou em tom solene que “Nesse processo tivemos que aceitar várias coisas que não concordávamos”. Infelizmente (ou não) a serenidade e passividade cristã não se propagaram pelo ambiente já incendiado pelos humores.



A muitas vezes ouvida frase “E fica como está.” dita por Bruschi que conduzia os trabalhos ressoou como o engessamento das posturas defendidas pela maioria dos conselheiros.



Na saída da sessão os alunos remanescentes, pois muitos deixaram a plenária no decorrer das ultimas votações, aplaudiram a “democracia”.



Fora do prédio um discente e o matemático quase chegaram às “vias de fato” em razão de ofensa por parte do primeiro.



Esses ocorridos que tomaram a manhã de terça-feira tornaram mais nítidos alguns quadros. A movimentação estudantil da UENP tem marcado presença, tem sido um peso na balança mesmo que esta não tenha se reclinado ainda.



As manifestações devem ser melhor organizadas, é preciso que os alunos falem a mesma língua em momentos de enfrentamento para que a causa estudantil seja propagada legitimamente como é. Ânimos mal conduzidos são desfavores à causa.



Do outro lado, docentes e dirigentes da UENP têm agora que levar em consideração que existem outras forças nesse jogo político, forças legítimas e em crescimento. Ataques pessoais figurando o manifestante como mero agitador são os maiores trunfos que podem ser dados às oposições. Em um debate democrático apelos e incongruências argumentativas devem ser evitados, quaisquer ambientes de debate sérios merecem mais que isso.



Ao final do debate o único aforismo do qual não posso discordar foi também oferecido por Luiz Carlos Bruschi. Quando argumentou sobre a razão de um mesmo candidato não poder pleitear posto de diretor de campus e de centro de estudos ele afirmou:



“Não dá para correr, assoviar e chupar cana.”



Uma metáfora muito bem utilizada, mas pelo conhecimento de Fisiologia talvez devêssemos consultar o professor médico veterinário sobre o assunto. Sobre isso ele pode opinar.



Com péssimos argumentos utilizados e algumas ofensas lançadas, os docentes saindo da reunião pela porta dos fundos e os acadêmicos pela porta da frente.



Fica a sensação de que mais está por vir.





Bruno Iauch – Centro Acadêmico de Filosofia - UENP

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

E se o mundo acabasse?



Nós tínhamos tanto potencial, tantos dons, mas desperdiçamos tudo com nossa inteligência
Nossa busca cega por tecnologia só acelerou ainda mais a nossa maldição
Nosso mundo está acabando, mas a vida tem que continuar

....



7: Mas e agora?
9: Não tenho certeza, mas esse mundo agora é nosso. Vai depender do que fizermos com ele!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Manifestação, exigências, comentários, interesses, política e afins



Ontem, dia 10/08 ocorreu na Universidade ESTADUAL do Norte do Paraná, uma manifestação promovida pelos alunos de filosofia, em frente ao CCHE/CLCA (Centro de Ciências Humanas e da Educação/ Centro de Letras Comunicação e Artes). O motivo da manifestação foi aproveitar a presença do secretário da SETI, Nildo Lübke, para reivindicar a falta de professores do curso de filosofia e dos demais curso da antiga FAFIJA. O concurso público foi feito o ano passado, mas a nomeação de tais professores ainda não foi feita. O curso de filosofia corre o risco de não ser aprovado, pois não tem professores o suficiente, logo os futuros filósofos ficarão sem seus diplomas caso não haja a nomeação.
O sr Nildo Lübke, afirmou que falaria com o governador do Estado para que esse acelerasse o processo de nomeação, pois é somente o governador que pode resolver esse caso. Ele nos deu 24 horas. Pois bem, essas 24 horas ja se passaram. (Política, burocracia, sabe como é, né?!... ja esperaram 3 anos por professores, o que custa esperar mais um dia, não? Pffff)
Informo agora que nessa sexta dia 13/08 (sexta-feira 13 mMmmUUuAAaHHHh) o GOVERNADOR DO ESTADO, SR ORLANDO PESSUTI, estará na cidade de Jacarezinho! E é claro, se a nomeação não sair até sexta, haverá outra manifestação e estão todos convidados a nos ajudar com mais uma conquista conseguida na raça!

Bom, quero enfatizar que estamos ficando bons nisso, nossa manifestação repercutiu no site da SETI

http://www.seti.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=1685

E não é querer me gambar não, mas logo logo o Fidel tá ligando pra gente pra perguntar "ei filósofos, será que vocês não querem ir pra Bolívia terminar o que o Che não conseguiu terminar? Dou-lhes caixas de charutos cubanos. Hein? haaam? haam?" HAHAHA :P

E como eu sou uma ANTA e não sei colocar vídeos do youtube aqui no blogspot, contente-se com o link do vídeo feito pelo Newton "Che" http://www.youtube.com/watch?v=q8tF2fDyqng

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A triste pampa que herdei



Fico aborrecida em ver o estado que ficou a triste pampa que herdei.
Analisando por esses dias, não pude me conter, e por não ter onde me aliviar, tive que correr.
Chorei!

Na pampa que herdei, as pessoas dão mais valores à video games do que para seus pais.
Na pampa que herdei, as pessoas tem uma concepção de felicidade diferente da qual imaginei: elas se contentam em beber até seus fígados não aguentarem mais, sair com os amigos e se relacionarem sexualmente com pessoas estranhas, para acordarem em lugares aleatórios e achar isso um máximo. Se preocupam em fazer isso, erguer seus respectivos egos para poder compartilhar tais histórias com "amigos". Essa é a concepção de felicidade que grande parte das pessoas tem. Desculpem-me, mas EU NÃO MEREÇO ISSO!
Na pampa que herdei, homens denominados de "gênios" buscam a melhor forma de conforto construindo máquinas para substituir o homem para que utopicamente este tenha seu tão sonhado ócio.
Na pampa que herdei, esses gênios não se dão conta de que estão virando os próprios robôs da sociedade do consumo.
Na pampa que herdei, pessoas tem relações pelo computador e se esquecem de comprimentar o próprio vizinho, à propósito, é mais fácil ter o msn desse vizinho do que fazer-lhe uma visita.
Na pampa que herdei, a família não é mais importante porque foi aquela que nos amparou quando nascemos e aquela que nos fez ser o que somos, mas pra que gostar e sentir falta da família? É "mais legal" ficar com os amigos, encher a cara, pegar a mulherada...
Na pampa que herdei, dificilmente as pessoas são felizes, elas são cobradas para trabalharem no que não gostam, muitas horas de trabalho, muito dinheiro por receber, para que no final se satisfaçam comprando alguma coisa. Logo, para tais pessoas, a felicidade se resume em comprar. Desculpem-me, mas também não mereço isso!
Na pampa que herdei ainda há algumas esperanças, posso não saber a solução, mas sei de dizer o que não é necessário fazer para que estagne essa pampa!